VAMOS MARCAR PRESENÇA COM NOSSOS ALUNOS DA EJA!
Esta página é um espaço onde professores, gestores, alunos e comunidade possam dar suas contribuições, opiniões e trocas de experiências.
terça-feira, 18 de setembro de 2012
sábado, 15 de setembro de 2012
PROPOSTAS DO PSOL PARA A EJA
Antendendo à nossa solicitação, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que apresenta a candidatura de Arlei Medeiros à Prefeitura de Campinas, enviou-nos suas propostas para a educação de jovens e adultos. Agradecemos e aguardamos que as outras candidaturas também ocupem este espaço, ajudando-nos nas discussões sobre a "EJA que temos e a que queremos", no contexto das eleições municipais 2012. O texto enviado foi dividido em duas partes. Segue a primeira. Leiam e não deixem de comentar.

Educação
A educação pública no Brasil, a exemplo das demais políticas públicas sociais, cada vez mais são apropriadas por idéias e interesses de mercado e, portanto, transformadas em “mercadorias” garantidas a quem pode pagá-las.
A educação pública no Brasil, a exemplo das demais políticas públicas sociais, cada vez mais são apropriadas por idéias e interesses de mercado e, portanto, transformadas em “mercadorias” garantidas a quem pode pagá-las.
Isso se manifesta no cotidiano, desde a educação infantil até o ensino superior, porém nem sempre de maneira visível e transparente. Por isso a sociedade reage no máximo reclamando da situação, mas, acaba por se adaptar às regras impostas temendo perder o pouco que lhe é oferecido.
O resultado da “eficiência” destas políticas é traduzido pela redução do número de matrículas em todos os níveis e modalidades da educação básica pública.
No nível fundamental, por exemplo, os dados do Censo Escolar INEP/MEC apontam que na última década, Campinas, acompanhando a tendência nacional, teve redução de 11.713 matrículas. Resultado da redução de 17.535 matrículas em escolas públicas e crescimento de 5.822 matrículas em escolas privadas, demonstrando a privatização da educação pública.
Educação de Jovens e Adultos
A Educação de Jovens e Adultos – EJA, seja sob responsabilidade do poder público municipal ou do estadual, também vêm sofrendo as conseqüências típicas das reformas da educação, já citadas, como a ausência de investimentos e de atenção enquanto política pública.
Em Campinas a oferta do EJA 1 (1ª a 4ª séries do fundamental) é oferecida através da Fundação Municipal de Educação Comunitária – FUMEC e o EJA 2 (5ª a 8ª séries) é oferecida parte pelo estado e parte pela Secretaria Municipal de Educação.
Dados oficiais apontam que em Campinas cerca de 5% da população com mais de 15 anos é analfabeta e aproximadamente 15% desta população tem menos de 4 anos de estudo. Este é apenas um dos indicativos de que a cidade precisa repensar a Educação de Jovens e Adultos, para que seja respeitada como direito à educação das pessoas que não concluíram a escolaridade básica no tempo previsto e não como um encargo a ser eliminado pelo Estado.
Este tratamento vem gerando o fechamento de salas e de escolas especialmente no período noturno. Dados do INEP/MEC apontam que na Educação de Jovens e Adultos Presencial entre 2005 e 2011, houve redução de matrículas no total da oferta de 16.197 matrículas para 7.169 matrículas, sendo que as matrículas sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação a redução foi de 11.886 matrículas em 2005 para 6768 matrículas em 2011.
Isso demonstra que pode ter existido um inchaço proposital de matrículas em 2005 para que a Prefeitura tivesse acesso a mais recursos do FUNDEB – Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica, mas demonstra, sobretudo, que os poderes públicos em nível municipal e estadual, vêm desestimulando a matrícula de pessoas que não tiveram acesso à escola ou a abandonaram, na idade considerada adequada.
Não há política de planejamento para identificação da demanda e para estímulo à matrícula e à permanência no EJA. A postura do governo se resume à divulgação dos períodos de matrículas em meios restritos esperando pela iniciativa do cidadão ou cidadã interessada.
Naturalmente, nas regiões onde a demanda existe, mas é dispersa, esta postura é insuficiente para atrair as pessoas para “núcleos” muitas vezes distantes de suas moradias. Nos últimos anos, em nome da “otimização de recursos”, em muitos locais, foram fechadas turmas que não atingiram um número mínimo de matriculados e, neste caso, os interessados transferidos para locais mais distantes das moradias ou local de trabalho, desestimulando a efetivação da matrícula e da frequência.
Tal cenário se completa por ações pontuais e fragmentadas por parte da Secretaria Municipal através da FUMEC, sem qualquer articulação com os trabalhadores. Isso compromete a Educação de Jovens e Adultos, como política pública que deve resgatar e estimular a educação das pessoas que não concluíram o ensino formal na idade considerada como adequada e ou jamais freqüentaram uma escola, na perspectiva do direito à educação pública, gratuita, laica e de qualidade social, visando à emancipação.
PROPOSTAS DO PSOL PARA A EJA
Antendendo à nossa solicitação, o Partido Socialismo e
Liberdade (PSOL), que apresenta a candidatura de Arlei Medeiros à Prefeitura de
Campinas, enviou-nos suas propostas para a educação de jovens e adultos.
Agradecemos e aguardamos que as outras candidaturas também ocupem este espaço,
ajudando-nos nas discussões sobre a "EJA que temos e a que queremos", no contexto
das eleições municipais 2012. O texto enviado foi dividido em duas partes. Segue
a segunda. Leiam e não deixem de comentar.
A Educação de Jovens e Adultos para Campinas!

2. Construir no primeiro ano de governo, discutindo com os trabalhadores da educação, a política pública para Educação de Jovens e Adultos – EJA, que supere as iniciativas pontuais e fragmentadas que tem orientado o poder público municipal. Esta política deve considerar a evasão e a freqüência e garantir: transporte, articulação com a saúde visando o tratamento de problemas como a visão, acesso à atividades culturais e lúdicas, relação com o mundo do trabalho e participação cidadã na vida da cidade.
3. Realizar um censo, nos primeiros dias de governo, que identifique e caracterize as demandas por alfabetização, EJA e Educação Especial e desenvolver estratégias que mobilizem a população e garantam o acesso à educação.
4. Criar alternativas para a organização curricular dos cursos de EJA compatíveis com as reais condições de vida da população.
Ações integradas com outros níveis e modalidades da educação para Campinas!
1. Implementar a Lei Federal que define o Piso Nacional dos Trabalhadores da Educação.
2. Reestruturar, democratizar e fortalecer o Conselho Municipal de Educação - revendo a sua composição e os critérios de escolha dos membros e garantindo a participação das entidades representativas da comunidade.
3. Democratizar e estimular a participação da comunidade nos Conselhos de Escola, garantindo autonomia de cada unidade na definição de métodos, programas e ações pedagógicas, de acordo com o projeto político-pedagógico da Secretaria Municipal de Educação.
4. Fortalecer o programa “caixa escola” com apoio técnico para planejamento, gestão e fiscalização dos recursos.
5. Construir no primeiro ano de governo um Congresso Municipal da Educação, para debate da política municipal de educação e criação do Fórum Municipal da Educação Básica, autônomo e suprapartidário.
6. Rever com a ampla participação dos trabalhadores e do Conselho Municipal de Educação, o Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos, restabelecendo as perdas impostas aos trabalhadores pelo governo corrupto de Dr Hélio.
7. Criar programa que garanta a todos os profissionais da educação, inclusive ao quadro de apoio: formação inicial, formação continuada e acesso à pós-graduação e condições de trabalho, que valorize e motive os profissionais da área.
8. Fortalecer a Central de Abastecimento de Campinas - CEASA como órgão gestor e operador da merenda e retomar gradativamente sua elaboração por servidores (as) públicos (as), acabando com a precarização e superexploração do trabalho pelas empresas terceiras. Articular a oferta da merenda ao projeto pedagógico.
9. Construir uma política de financiamento da educação, buscando ampliar os valores-aluno-ano determinados pela lei do FUNDEB, para os níveis e modalidades de educação sob responsabilidade do município.
10. Promover a construção de espaços culturais diversificados como brinquedotecas, bibliotecas, gibitecas, hemerotecas, salas de multimeios e outras estruturas como suporte a atividades culturais que forem surgindo nas comunidades, possibilitando sua utilização enquanto alternativas de educação informal e sedimentação de laços de solidariedade.
terça-feira, 11 de setembro de 2012
PROPOSTAS DOS CANDIDATOS À PREFEITURA DE CAMPINAS PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Estamos fazendo contatos com representantes das diferentes candidaturas à Prefeitura de Campinas para que nos enviem as propostas para a educação de jovens e adultos. O pontapé inicial da discussão sobre este tema, aqui no blog, foi dado pelos alunos do 2º. termo no post “SOS Educação, queremos inovação”. Infelizmente a educação formal e não formal para jovens e adultos tem sido bastante descuidada pelo poder público, embora atualmente, esteja disseminada a idéia de que não existe uma idade “certa” para estudar e aprender. O direito à educação deve abarcar todas as etapas da vida, em suas diferentes dimensões. Entretanto, os avanços nos discursos e na legislação educacional contrastam com a existência de milhares de cidadãos moradores de Campinas, jovens e adultos, que sequer concluíram o ensino fundamental. Este cenário torna fundamental o posicionamento das candidaturas frente aos dilemas da EJA. O espaço do blog está aberto às propostas de todos os partidos e coligações. Como a iniciativa faz parte das atividades sobre as “eleições municipais” que estamos desenvolvendo junto aos alunos do curso de EJA de nossa escola, solicitamos que os textos enviados sejam claros, objetivos e direcionados ao debate sobre esta modalidade de educação. Desde já agradecemos as candidaturas que se dispuserem a dialogar conosco.

Em homenagem à nossa querida Kazuko que nos ensina a viver a vida com sabedoria e o trabalho de ensinar com compromisso, alegria, leveza e companheirismo. Valeu, mestra!
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
S.O.S. EDUCAÇÃO, QUEREMOS INOVAÇÃO
Quais são as propostas dos candidatos à prefeito de Campinas em relação à educação de jovens e adultos? Gostaríamos muito que os candidatos dessem seu recado aqui no blog de nossa escola. Para dar o pontapé inicial os alunos do 2o. termo escreveram um texto coletivo avaliando o que tem funcionado bem em nosso curso de EJA, o que poderia ser aprimorado e que inovações seriam bem vindas. Se pudermos também dialogar com outros alunos e professores de cursos de EJA, educadores em geral e pessoas interessadas nos rumos da educação do nosso país ficaremos bem contentes! Até mais!
Somos alunos do segundo termo do curso noturno de educação
de jovens e adultos na Escola Dulce Bento Nascimento, no bairro do Guará, em
Barão Geraldo. O curso de EJA atende alunos de todo o distrito porque somente
nossa escola oferece o supletivo de 5ª. à 8ª. séries na região. Aqui é um lugar onde nos sentimos em
casa, os professores são nossos amigos e excelentes profissionais e fazem o
possível e o impossível para que não desistamos dos estudos. Mesmo assim o
ensino público ainda está fraco e pode melhorar muito! O ensino fundamental
para jovens e adultos deveria ter uma atenção especial dos governantes e não
apenas a educação das crianças. O orçamento da cidade deveria prever um
investimento maior na educação de jovens e adultos e nós devemos exigir transparência
nos atos feitos na Prefeitura.
Queremos um ensino de qualidade que possa formar
cidadãos honestos, que possa formar governantes. Uma educação para encaminhar
as pessoas para a vida, para terem seu próprio sustento, progredirem na aquisição de conhecimentos e no
crescimento cultural, com satisfação pessoal e familiar. Esperamos que os
professores sejam valorizados e bem
remunerados para que possam continuar sempre assim, com muita dedicação. Desse
modo não precisariam fazer greve, pois isso atrapalha o nosso aprendizado e a
nossa rotina. Nós somos trabalhadores e estamos aqui para recuperar o tempo
perdido e não podemos perder mais tempo. É importante que os professores tenham
mais satisfação com sua profissão e trabalhem em condições melhores.
QUEREMOS UM ENSINO DE
QUALIDADE QUE POSSA
FORMAR CIDADÃOS HONESTOS,
QUE POSSA FORMAR
GOVERNANTES
Faltam recursos
estruturais e técnicos na escola como equipamentos informatizados para um
melhor ensino. A sala de aula poderia estar preparada para vermos filmes e
acessarmos a internet. Quanto às cadeiras e às mesas poderíamos ter mais
conforto. Os professores poderiam ter uma dedicação maior ao curso noturno para
atender os alunos com mais dificuldades. O intervalo para a janta deveria ter
20 minutos e o horário de saída um pouco
mais cedo porque muitos alunos chegam em casa tarde e levantam muito cedo para
trabalhar. Com a canseira do dia a dia alguns acabam desistindo dos estudos. O
transporte escolar gratuito e a janta são direitos conquistados . Nem todo
mundo pode pagar a passagem. Os novos governantes eleitos não podem tirar estas
conquistas, devem é melhorar. Por exemplo, a biblioteca precisa de mais livros,
vídeos educativos, assinaturas de jornais e outros materiais didáticos. Os
cursos profissionalizantes não estão funcionando para todas as turmas. Queremos
cursos de informática, pois hoje todos têm que ter estes conhecimentos.
domingo, 2 de setembro de 2012
Eleições municipais - Desilusão e responsabilidade
José Roberto Cabrera, diretor do Sinpro-Campinas e Região, atendendo ao nosso pedido de contribuições para aprofundar o debate sobre as eleições deste ano, enviou-nos o artigo abaixo. O texto foi originalmente escrito para atender a uma outra demanda mas traz provocações bastante pertinentes aos nossos debates. Obrigado, Cabrera, pela ajuda e abertura ao diálogo. Valeu!

Cartum de Dario Castillejos Lázcares - Cuba
A desilusão com nossa democracia representativa é cada vez mais perceptível. Em todas as classes sociais vigora uma atitude negativa em relação às eleições e ao Estado, atribuindo aos ‘políticos’ uma falta de ética e de compromissos diferente daquela que deveria vigorar entre os cidadãos. É como se todas as causas dos problemas do país pudessem ser reduzidas à corrupção e à
privatização do Estado. Motivos, é verdade, não faltam para a descrença no sistema, mas isso é histórico e está relacionado ao caráter do Estado. ‘Políticos’ não são uma categoria específica separada da sociedade. São os representantes de grupos específicos, de classes sociais que, de alguma maneira, se organizaram e administram o Estado em torno de seus interesses em todos os níveis. Ao definir esse conjunto de representantes com a terminologia ‘políticos’ colocamos no
mesmo barco interesses distintos e aí temos dificuldade em entendê-los, achando, por exemplo, que a terceirização dos serviços públicos é apenas uma questão técnica ou que a expulsão de brasileiros pobres de suas moradias em áreas de conflito é um problema jurídico. Não, a política é um espaço de conflito de interesses e, portanto, os ‘políticos’ – ainda que tenham um espírito corporativo – são, antes de tudo, membros de suas classes e atuam nessa direção.
A crise de legitimidade do Estado não é um fenômeno local. Em todo o mundo esse sentimento se manifesta. Varia o grau de intensidade e o foco, mas a desconfiança é generalizada. Isso indica a necessidade de aprofundar as formas de participação, de tomada de decisão e de controle ampliando a democracia e não o inverso. Diante disso, a indignação de muitos se transforma numa negação, na pregação do voto nulo. Em certas situações o voto nulo pode ser uma opção, como em 1970 e 1972, para denunciar a ditadura, a falta de liberdade, a tortura e a existência de um sistema eleitoral manipulado, mas será que é esse o quadro que temos hoje? Será que, de fato, não há opções e o sistema não permite nenhum tipo de mudança?
As transformações na vida política de um país não dependem apenas das eleições, mas elas se traduzem num espaço importante, capaz de sintetizar os anseios de mudança e as demandas da população. Se se abre mão desse tipo de intervenção, além de mantermos as mesmas práticas nefastas do clientelismo e do populismo por mais tempo, sinalizamos que alternativas autoritárias podem ser bem vindas e o custo disso nós sabemos.
Lutar por nossas demandas, estimular que os trabalhadores se organizem e escolham seus representantes comprometidos com a luta social é uma tarefa que temos que abraçar nessas eleições. Não podemos nos abster de participar desse momento importante da luta política no país. Para quem participou e acompanhou as lutas pela democratização do país (Diretas Já, a Assembleia Nacional Constituinte, o impeachment de Collor), as lutas de resistência contra o ataque neoliberal aos direitos dos trabalhadores e se preocupa, no dia a dia, em construir um país melhor, ficar de fora não é uma opção. Nessas eleições os candidatos populares, comprometidos com os interesses dos trabalhadores, com a democracia, com a luta pela transformação social devem ser apoiados. Nós, professores temos
privatização do Estado. Motivos, é verdade, não faltam para a descrença no sistema, mas isso é histórico e está relacionado ao caráter do Estado. ‘Políticos’ não são uma categoria específica separada da sociedade. São os representantes de grupos específicos, de classes sociais que, de alguma maneira, se organizaram e administram o Estado em torno de seus interesses em todos os níveis. Ao definir esse conjunto de representantes com a terminologia ‘políticos’ colocamos no
mesmo barco interesses distintos e aí temos dificuldade em entendê-los, achando, por exemplo, que a terceirização dos serviços públicos é apenas uma questão técnica ou que a expulsão de brasileiros pobres de suas moradias em áreas de conflito é um problema jurídico. Não, a política é um espaço de conflito de interesses e, portanto, os ‘políticos’ – ainda que tenham um espírito corporativo – são, antes de tudo, membros de suas classes e atuam nessa direção.
A crise de legitimidade do Estado não é um fenômeno local. Em todo o mundo esse sentimento se manifesta. Varia o grau de intensidade e o foco, mas a desconfiança é generalizada. Isso indica a necessidade de aprofundar as formas de participação, de tomada de decisão e de controle ampliando a democracia e não o inverso. Diante disso, a indignação de muitos se transforma numa negação, na pregação do voto nulo. Em certas situações o voto nulo pode ser uma opção, como em 1970 e 1972, para denunciar a ditadura, a falta de liberdade, a tortura e a existência de um sistema eleitoral manipulado, mas será que é esse o quadro que temos hoje? Será que, de fato, não há opções e o sistema não permite nenhum tipo de mudança?
As transformações na vida política de um país não dependem apenas das eleições, mas elas se traduzem num espaço importante, capaz de sintetizar os anseios de mudança e as demandas da população. Se se abre mão desse tipo de intervenção, além de mantermos as mesmas práticas nefastas do clientelismo e do populismo por mais tempo, sinalizamos que alternativas autoritárias podem ser bem vindas e o custo disso nós sabemos.
Lutar por nossas demandas, estimular que os trabalhadores se organizem e escolham seus representantes comprometidos com a luta social é uma tarefa que temos que abraçar nessas eleições. Não podemos nos abster de participar desse momento importante da luta política no país. Para quem participou e acompanhou as lutas pela democratização do país (Diretas Já, a Assembleia Nacional Constituinte, o impeachment de Collor), as lutas de resistência contra o ataque neoliberal aos direitos dos trabalhadores e se preocupa, no dia a dia, em construir um país melhor, ficar de fora não é uma opção. Nessas eleições os candidatos populares, comprometidos com os interesses dos trabalhadores, com a democracia, com a luta pela transformação social devem ser apoiados. Nós, professores temos
responsabilidade dobrada, devemos estimular o debate, o senso crítico, a organização das demandas. Temos um compromisso com as novas gerações e não podemos fazer coro com a crítica derrotista e conservadora da direita brasileira. Bom voto e boa luta.
sábado, 25 de agosto de 2012
ELEIÇÕES MUNICIPAIS - CARTAS AOS CANDIDATOS
No final do mês passado os alunos do 2o. termo do curso de educação de jovens e adultos elaboraram cartas para os candidatos. As cartas trazem demandas, visões desconfiadas e desiludidas sobre os políticos, mas também a esperança de que os governantes assumam suas responsabilidades na construção de uma cidade melhor para todos, assim como eles assumem as suas. Lemos todas as cartas e a turma escolheu as quatro transcritas abaixo para postarmos no blog. Exercício de dizer e de escutar... exercício de entendermos as responsabilidades envolvidas na construção da vida coletiva.
Campinas,
31 de julho de 2012.
Prezados
candidatos,
É
com tristeza que lhes mando este recado. Tem menos de cinco meses que estou
morando aqui na cidade de Campinas. É uma cidade linda mas abandonada! É uma
falta de respeito com a população e com a própria cidade, na saúde, nas escolas!
Em relação à saúde, faltam médicos, remédios nos postos. Nas escolas faltam
aulas de computação, mais professores e aumento de salário. Espero que vocês
possam ajudar a melhorar nossa cidade. Sem mais nada a dizer, despeço-me.
Cleide
Barbosa
Campinas,
31 de julho de 2012.
Prezados
candidatos à Prefeitura de Campinas,
Quero
expressar o que eu penso por meio desta carta. Vou ser sincera sobre o que
acho, me desculpem se não gostarem de alguma coisa..
A
nossa cidade já foi referência em todos os sentidos, agora está um caos. Sem
verbas, afogada em dívidas, uma calamidade, ruas e estradas cheias de buracos,
praças abandonadas.
Na saúde não tem como descrever
o descaso com o ser humano muitas vezes havendo óbito. São tantas as coisas a
reclamar que acabo com um branco na memória..
E ainda o problema do trânsito
insuportável, falta de metrô, obra perdida, dinheiro jogado fora e tem outros
meios de melhora mas ninguém faz nada. O que fazem é colocar radares em lugares
que nem é necessa´rio.
A única esperança é que tudo
isso acabe e possamos ter novamente prazer em morar aqui na Cidade das
Andorinhas que estão sumindo talvez de vergonha do que fizeram com a nossa
maravilhosa cidade.
Por favor, melhorem, tomem
providências, levantem a nossa moral. Obrigada!
Suzelei
Campinas, 31 de julho de 2012..
Prezados candidatos à Prefeitura
de Campinas,
Como eleitora e cidadã
campineira estou preocupada com o rumo dessas eleições. Lendo os jornais notei
que os candidatos são os mesmos. Gostaria nessa carta de mandar um recado para
que os senhores saiam às ruas de porta em porta, se apresentem à população, venham
nos debates, procurem saber com as pessoas quais são os problemas. Existe muita
coisa faltando como creche, médico nos postos de saúde, faltam remédios.
Senhores candidatos, não fiquem
só nessa chatice de pessoas nas ruas entregando esses papeizinhos com o seu
número e a sua cara e nenhuma proposta. Nós, cidadãos, queremos votar numa
pessoa que queira e que vai trabalhar por Campinas, pela população,
demonstrando que existem soluções. É tempo de vocês mostrarem que são honestos.
Esperando que os senhores
recebam esse recado, deixo aqui um até logo.
Vera Lúcia R. Doswaldo
Campinas,
31 de julho de 2012.
Candidatos
à Prefeitura de Campinas,
Moro
em Campinas há nove anos e até agora eu não vi nada que vocês fizeram à nossa
cidade.
As
ruas estão uma bosta, vocês não fazem nada, podiam melhorar muita coisa em
nossa cidade, podiam melhorar nossa saúde. Não podemos sair aos domingos porque
os ônibus demoram muito para passar. Vocês podiam melhorar isso.
Vocês
podiam cumprir a lei e fazer a sua parte. Eu estou muito indignado com tudo
isso! Pego todo dia o ônibus e as passagens estão muito caras, com três reais
você pode comprar pães para uma pessoa comer.
A nossa cidade é muito bonita
mas está abandonada!
A gente faz a nossa parte e
vocês?
Vocês estão brincando com a
nossa cidade e não fazendo o que é para ser feito! Tenho uma esperança: que
tenham pessoas competentes à cargo de nossa cidade para ajudar toda a população
de Campinas.
Alex
Junior da Silva
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
SE OS TUBARÕES FOSSEM HOMENS
SE OS TUBARÕES FOSSEM HOMENS
Bertold Brecht
Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentis com os peixes pequenos.
Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais.
Eles cuidariam para que as caixas sempre tivessem água renovada e adotariam todas as providências sanitárias, cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim que não morressem antes do tempo.
Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.
Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões.
Eles aprenderiam, por exemplo, a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. A aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos.
Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos.
Se inculcariam nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência.
Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista e denunciaria imediatamente aos tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.
Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre sí a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.
As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que entre eles e os peixinhos de outros tubarões existem gigantescas diferenças, eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo por isso impossível que entendam um ao outro.
Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos
Da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.
Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, havia belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas goelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nos quais se poderia brincar magnificamente.
Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as goelas dos tubarões.
A música seria tão bela, tão bela que os peixinhos sob seus acordes, a orquestra na frente entrariam em massa para as goelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos .
Também haveria uma religião ali.
Se os tubarões fossem homens, ela ensinaria essa religião e só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida.
Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros.
Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar e os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiro da construção de caixas e assim por diante.
Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.
Bertold Brecht
Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentis com os peixes pequenos.
Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais.
Eles cuidariam para que as caixas sempre tivessem água renovada e adotariam todas as providências sanitárias, cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim que não morressem antes do tempo.
Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.
Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões.
Eles aprenderiam, por exemplo, a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. A aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos.
Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos.
Se inculcariam nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência.
Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista e denunciaria imediatamente aos tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.
Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre sí a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.
As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que entre eles e os peixinhos de outros tubarões existem gigantescas diferenças, eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo por isso impossível que entendam um ao outro.
Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos
Da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.
Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, havia belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas goelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nos quais se poderia brincar magnificamente.
Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as goelas dos tubarões.
A música seria tão bela, tão bela que os peixinhos sob seus acordes, a orquestra na frente entrariam em massa para as goelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos .
Também haveria uma religião ali.
Se os tubarões fossem homens, ela ensinaria essa religião e só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida.
Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros.
Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar e os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiro da construção de caixas e assim por diante.
Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.
domingo, 19 de agosto de 2012
ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2012 - I
Seguem comentários dos alunos do 4o. termo sobre os poemas de Brecht transcritos na postagem anterior.
O meu comentário é que eu até concordo com algumas
coisas a que ele se refere, por exemplo, conhecer o trabalho de cada político
antes mesmo de votar ou ir mais adiante se puder conhecer o passado de cada um
pra ter uma ideia de quem vai cuidar da minha cidade ou até do país. Mas agora
o que eu não concordo é saber que muitos prometem muitas coisas e não conseguem
completá-las. E eu não me julgo analfabeto porque hoje temos vários meios de
saber sobre política no jornal, no rádio, TV, anúncios. Bom, esse é o meu
pensamento, eu faço a minha parte como cidadão e eles fazem a parte deles como
políticos. (Amilton Cesar da Silva Peres)
Nos versos de Bertold Brecht “O analfabeto político”
o autor chama as pessoas de burras. Eu não acho que as pessoas sejam burras em
relação à política. Muitas pessoas não gostam de falar sobre política porque
não leva a lugar nenhum. Eu gostaria de poder entender a política pra fazer
diferente, pra mudar muitas coisas erradas que acontecem no Brasil. Mas eu sou
uma analfabeta em relação à política. (Márcia Aparecida Augusto)
Eu concordo parcialmente com o poema “O analfabeto
político”, pois a gente não sabe quem é o certo e o errado. Pois o pior
analfabeto é o próprio político. Sendo assim, a ignorância de não saber ler
não diz que ele não entende nada. Com sua simplicidade ele vê e percebe que a
política é muito boa de entender, pois nem todos os políticos são corruptos.
Também não é natural aceitar todos os hábitos, não é natural. Temos que nos
comunicar, pois nós, que somos alfabetizados, somos enganados. Mas sempre há
uma esperança. Cabe a cada um fazer a sua parte. (Cacilda Amélia Garcia Godoy)
No poema que acabamos de ler em alguns pontos existem
analfabetos políticos sim porque muitos eleitores não estão atualizados com a
política, nem sequer estão preocupados em saber quem está colocando em defesa
da sua cidade, do bairro onde mora. Não basta ficar de braços cruzados,
criticando. O pior cego é quem não quer enxergar. Não diga que um voto não faz
diferença, pois faz sim, toda a diferença. O que você acredita e que tem como
consciência de que a sua opinião sobre a política pode mudar esse conceito de
que existem analfabetos políticos. (Marly dos Santos do Carmo)
Eu concordo com Brecht quando diz “o analfabeto político”, as pessoas se
preocupam demais, trabalhar, estudar, sair pra festa, se preocupam com tudo, mas
não se lembram da política. O autor foi muito ousado de dizer “o pior
analfabeto” porque nós sabemos o que tem que ser feito, simples, estudar os
candidatos de ponta a ponta. O grande problema é que nós queremos estudar os
nossos candidatos em cima das eleições. Porque corrupto tem em todo lugar:
policiais, comerciantes, pastores, médicos, empresários, professores, mas como
ele mesmo diz, “nada é impossível de mudar”. (Bruno Costa)
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