Não te rendas, ainda estás a tempo
de alcançar e começar de novo,
aceitar as tuas sombras
enterrar os teus medos,
largar o lastro,
retomar o voo.
Não te rendas que a vida é isso,
continuar a viagem,
perseguir os teus sonhos,
destravar os tempos,
arrumar os escombros,
e destapar o céu.
Não te rendas, por favor, não cedas,
ainda que o frio queime,
ainda que o medo morda,
ainda que o sol se esconda,
e se cale o vento:
ainda há fogo na tua alma
ainda existe vida nos teus sonhos.
Porque a vida é tua, e teu é também o desejo,
porque o quiseste e eu te amo,
porque existe o vinho e o amor,
porque não existem feridas que o tempo não cure.
Abrir as portas,
tirar os ferrolhos,
abandonar as muralhas que te protegeram,
viver a vida e aceitar o desafio,
recuperar o riso,
ensaiar um canto,
baixar a guarda e estender as mãos,
abrir as asas
e tentar de novo
celebrar a vida e relançar-se no infinito.
Não te rendas, por favor, não cedas:
mesmo que o frio queime,
mesmo que o medo morda,
mesmo que o sol se ponha e se cale o vento,
ainda há fogo na tua alma,
ainda existe vida nos teus sonhos.
Porque cada dia é um novo início,
porque esta é a hora e o melhor momento.
Porque não estás só, por eu te amo.
(Mario Benedetti)
Que bonito Cláudio!
ResponderExcluirComento com Paul Èluard:
De O dever e a inquietude (1917)
Inquieto por um ceú devastado,
Pela chuva que virá molhar-nos,
Vou pensando na felicidade
Que nos dominaria, se quiséssemos.
O dever e a inquietude
Partilham minha vida rude.
(Dá-me grande pena
Confessà-lo a voces).
Há um cheiro pleno de verdura.
No céu, em pleno céu, um vôo de andorinhas
Nos diverte e nos faz sonhar.
Sonho uma esperança tranquila.
Um abraço,
Sônia