quinta-feira, 25 de março de 2010

A PESQUISA NA ESCOLA E OS USOS DAS TECNOLOGIAS III


Cláudio e demais amigos e amigas do Gaurá,
Acabei de ler o seu texto (duas vezes), os comentários da Ângela e da Lurdinha e o texto da Agremis, postado anteontem. Confesso que estou um pouco crú no tema. O que posso é fazer algumas considerações bem gerais. Vamos lá:1. O fato de eu estar ficando a par dessa discussão é fruto da utilização de uma TIC, no caso do blog da escola. Isso significa que as TICs podem ser uma ferramenta para nossas discussões pedagógicas. Por isso, o espaço virtual potencializa a comunicação. Já pensou a dificuldade que teríamos em articular todas essas reflexões/discussões no espaço real. No cotidiano reunirmos todos aqueles dispostos a fazer discussões como estas é impraticável. A disposição esbarra na disponibilidade. Por outro lado, sempre é preciso cautela, pois o fundamental da vida e da educação, pensada em uma perspectiva ampla ("formação continuada de seres sociais"), se dá e continuará se dando, fundamentalmente, no espaço real. Além do mais, é importante considerarmos que a utilização de TIC não é algo instantâneo, um trabalho invisível. Como tudo exige trabalho, organização de tempo, energia, aprendizagem...2. Não penso como a utilização das TICs pode prescindir de uma avaliação coletiva da comunidade escolar e de uma inserção planejada no Projeto Político Pedagógico da Escola. Acho que isso é fundamental, pois há muita confusão quando se cruzam discussões das potencialidades técnicas das TICs e dos problemas (políticos) da educação. Não é raro aqueles que procuram reduzir esses problemas a essas potencialidades. Precisamos fugir desse engôdo e continuar encarando os problemas da educação tais como aparecem: falta de financiamento, falta de valorização dos profissionais, falta de estrutura, falta de perspectiva para jovens, desvalorização social de uma postura coletiva, reflexiva e crítica em pró de uma postura individualista e consumista, dentre outros. 2a. Por outro lado, como "todo cambia" e não podemos e nem queremos nos esquivar das mudanças, a utilização das novas tecnologias de comunicação é um fenômeno social. E queremos uma Escola que se antene e se aproprie, sempre criticamente é claro, das novas possibilidades técnicas-informacionais abertas pelo desenvolvimento da humanidade. Há um campo a explorarmos nesse sentido, como você faz alusão nas suas reflexões.2b. Uma possibilidade que vejo é de pensarmos em projetos que constam nas nossas reflexões pedagógicas há tempos, que dificilmente conseguimos viabilizar e que essas novas tecnologias poderiam ser um novo impulso para isso. Dois exemplos que me vêm a mente são:- elaboração de um jornal da escola - o que pode ser facilitado pela elaboração de um jornal virtual, o que não exclui a possibilidade de vir a se tornar impresso- atividades relacionadas à imagens - trabalhamos fundamentalmente com o aprendizado via linguagem escrita, o que não podemos deixar de fazer e bem. Mas o trabalho com linguagens audiovisuais pode ser facilitado agora pelas TICs, o que compromete menos nosso tempo para preparar/executar atividades nesse sentido e acaba até complementando e reforçando o trabalho com a linguagem escrita a depender de como o trabalho for realizado. Na área de história pode ser dado qualquer assunto como, por exemplo, Revolução Industrial com fotos/pinturas/vídeos que abordem o tema. Grande abraço, Poti

3 comentários:

  1. Caros colegas e leitores,
    A beleza e potencialidade de um investimento como este ( a construção de um blog com fins pedagógicos) está no diálogo que pode proporcionar entre pessoas diferentes, distantes, sobre uma infinidade de assuntos!!
    Lá na EMEF Pe. Narciso, a professora Rita também está organizando um site da nossa escola. ( em construção: http://emefjosenarciso.gratix.com.br)
    Como professora, já coloquei o site como suporte para algumas propostas de produção de textos com meus alunos e alunas. Agora, a comunidade da nossa região pode ter muitos destinatários para seus escritos, clips, fotos, desenhos... Multiplicar e cativar ‘destinatários’ para o que criamos é um desafio bom e a serviço da aprendizagem de alunos, alunas e educadores.
    Espero por textos de alunos e alunas neste Blog! Bom saber que poderão ser lidos também por estudantes do Jardim São Marcos!
    Parabéns pela iniciativa! Imagino a "trabalheira" que dá... Quero crer que o prazer em partilhar produções e fazer descobertas esteja alimentando novos desafios...
    Abraços,
    Mafê.

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  2. Caros colegas da EMEF Dulce Bento Nascimento. É com alegria que encontro esse blog e canal de comunicação com a escola. Sou ex-aluna, estudei da sexta até a oitava série, e foram anos muito marcantes: tanto na minha formação social, cidadã, política e científica.

    Pelo menos na época em que fui aluna, tive a excelente oportunidade de diálogo e envolvimento direto com os professores e diretores, sobre a realidade da nossa escola, e da educação como um todo. Essa experiência ampliou os meus horizontes além do verde-escuro do necessário e louvável quadro-negro. E contribuiram certamente para a minha entrada numa faculdade pública.

    É muito emocionante saber que, por mais que a maré atrapalhe, e o barco baile e às vezes queira naufragar, temos pessoas que acreditam e que persistem confiantes no dever e no amor pela educação. Regsitro o meu agradecimento, e a certeza que essa dedicação que eu observei serão reproduzidas na função social que escolhi para desempenhar.

    (Em tempo, que legal, a minha professora Kazuko na foto...)

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  3. Poti,
    É um enorme prazer poder compartilhar dúvidas e reflexões contigo sobre nosso trabalho com a educação... Sua presença no cotidiano da escola sempre faz muita falta! Acho perfeito quando você afirma que a discussão sobre as potencialidades das TICs deve ser colocada no seu lugar. Não pode substituir a questão de fundo que diz respeito aos fins da educação numa sociedade extremamente desigual. Daí a importância de amarrar os projetos de usos das TICs no Projeto político pedagógico mais amplo da escola. Quando você diz que "o fundamental da vida e da educação, pensada em uma perspectiva ampla, se dá e continuará se dando, fundamentalmente, no espaço real" fico pensando... Os seres humanos tem construído este "espaço real" também se valendo de instrumentos que utilizamos para atribuir sentidos ao mundo e a nós mesmos. As linguagens e tecnologias são constitutivas da materialidade da vida. Daí a pergunta poderia ser: Como o fundamental da vida e da educação tem sido afetado pelos processos formativos decorrentes dos usos das TICs? Por fim, concordo totalmente contigo quando você diz que a apropriação das TICs pelos alunos se inscreve no projeto maior da escola de humanização: ajudar os indivíduos a se apropriar de conhecimentos que compõem a produção cultural humana. Lá no miudinho da sala de aula sabemos que isto traz desafios complicados. Como fazer com que certos assuntos que julgamos fundamentais para a formação de nossos alunos façam parte de seu universo de preocupações? Como desenvolver um trabalho pedagógico que mobilize conhecimentos que os alunos já têm e os instigue a querer conhecer mais? Penso que a articulação entre linguagens escritas e visuais a que você se refere em seu texto pode oferecer pistas interessantes para o enfrentamento destas questões. Valeu Poti!! Continue junto da gente... não só virtualmente... Grande abraço!

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