terça-feira, 13 de abril de 2010

"PROFESSORES DE CASTIGO"


“Professores de castigo” é o título da matéria da revista Época, de 21/02/2010, assinada por Camila Guimarães e que pode ser acessada em http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI122910-15228,00-PROFESSORES+DE+CASTIGO.html. O tom já conhecemos, mas estão jogando cada vez mais pesado... De Nova York vem a solução para o problema da má qualidade da educação pública: os professores incompetentes são afastados das aulas e passam os dias confinados em salas vazias, algumas sem janelas, sem livros, mapas, sem acesso à internet ou celulares, vigiados por dois seguranças e dois supervisores da secretaria de educação. A punição estaria longe de ser ideal por ser onerosa. O ideal seria poder mandar embora os profissionais que hoje gozam de estabilidade. Mas outras benesses da gestão empresarial já estão em funcionamento: a secretaria de educação concede autonomia para os diretores para contratação, gerenciamento orçamentário, pagamento de salário maior para professores com melhor desempenho. Um contrato define metas orçamentárias e pedagógicas. Uma vez não cumpridas no prazo determinado o diretor é demitido e a escola fecha. 90 foram fechadas. A maioria dos diretores não agüentou e se aposentou ou pediu demissão. Os índices educacionais apresentados só revelam o sucesso da empreitada. Tudo isso pra dizer que direitos dos funcionários públicos e direito das crianças ao acesso à boa educação são incompatíveis. Daí o absurdo da oposição dos professores da rede pública estadual paulista à política meritocrática do governo Serra, na qual os resultados das avaliações de desempenho de alunos e dos profissionais definem a remuneração por bônus. Vejam só como os professores – classe que “não está acostumada a ser avaliada e cobrada”, que “não admitem que precisam de ajuda” – destas bandas andam mal acostumados: rejeitam o plano Serra que é mais suave que as salas de castigo. “Os professores que não ensinam são afastados, os que ensinam bem ganham bônus e são promovidos. Quem pode ser contra?”
Os porta vozes do projeto de mercantilização da educação estão em campo de batalha e têm ganhado espaço na construção de um senso comum em torno da desqualificação da escola pública e de seus profissionais. Nós, que defendemos uma educação pública para todos - educação concebida como formação humana ampla a serviço da construção de uma sociedade mais justa e igualitária – não podemos ficar acuados e isolados no cotidiano escolar. Mais do que nunca é hora de dar visibilidade aos difíceis desafios que vivemos na escola pública, mostrar as relações entre estes desafios e a negação de direitos mais ampla a que as camadas populares estão sujeitas, mostrar a precariedade das políticas públicas educacionais em nosso país, o desrespeito e a desvalorização profissional que vivemos como educadores. Mas é hora também de dar visibilidade ao nosso compromisso e ao trabalho bem feito junto aos alunos e à comunidade escolar. Mostrar que sabemos o que fazemos e que estamos abertos para rever e aprender sempre! Tempos difíceis estes nossos... Mais difíceis quanto mais perdermos o valor da luta e do trabalho coletivo!
Cláudio

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