domingo, 18 de março de 2012

O QUE SIGNIFICAVA SER ESCRAVO NO BRASIL?

O tema de estudo dos oitavos anos na disciplina História tem sido a escravidão no Brasil, desde o final do século XVIII até o processo de abolição. Como pontapé inicial lemos e interpretamos uma lenda de origem de uma comunidade quilombola maranhanse "Bonsucesso dos Pretos", contada por Joel Rufino dos Santos e vimos algumas imagens dos pintores europeus Debret e Rugendas. A partir destas fontes iniciais e dos conhecimentos que os alunos já tinham sobre o assunto, cada turma elaborou um roteiro com questões que eles gostariam de saber sobre "o que significava ser escravo no Brasil" Procurei agrupar as dúvidas dos alunos em quatro blocos:
1. Questões que tratam das características gerais da escravidão, daquilo que a distingue de outras formas de trabalho e de suas origens: Como começou a escravidão? Por que os negros e como eles viravam escravos? Por que e como os escravos eram castigados? Quais os diferentes trabalhos feitos pelos escravos? Além do trabalho eles tinham tempo para fazer outras coisas? Não ter liberdade, ser comercializado e castigado gerava quais sentimentos?
2. Questões relacionadas à busca da liberdade: De que formas os escravos buscavam a liberdade? Se em muitos lugares os escravos eram maioria porque não se revoltavam e acabavam com a escravidão? Para onde eles iam depois de livres? Eles tinham algum direito?
3. Questões relacionadas a aspectos da vida cotidiana: Como os escravos moravam, se alimentavam, se vestiam, tratavam das doenças e da morte? Como era o namoro e o casamento? Em algumas situações eles ganhavam algum dinheiro? Eles tinham algum tempo de lazer, haviam festas? Como surgiu a capoeira? Como era a relação dos escravos entre si e com as pessoas livres?
4. Questões sobre o processo de abolição e seus limites: Como e por que acabou a escravidão no Brasil? A escravidão realmente acabou?
Demos continuidade à nossa investigação lendo e discutindo um texto de nosso livro didático sobre as características do trabalho escravo na mineração, em fins do século XVIII. Assistimos também aos episódios sobre a escravidão presentes no filme "Quanto vale ou é por quilo" de Sérgio Bianchi (indicação preciosa do professor Eduardo da EMEF João Alves dos Santos). Quem tiver comentários a fazer sobre os rumos do nosso trabalho, indicação de fontes de pesquisa ou esclarecimentos sobre as questões formuladas, por favor, mande pra gente. Ah! Estamos precisando também de fontes de pesquisa sobre a escravidão em Campinas. As sugestões serão muito bem vindas! Valeu!

8 comentários:

  1. Parabéns aos alunos e ao professor Cláudio da EMEF Dulce Bento Nascimento


    1. Questões que tratam das características gerais da escravidão, daquilo que a distingue de outras formas de trabalho e de suas origens: Como começou a escravidão?
    A escravidão é algo muito antigo na história da humanidade, mas talvez fosse interessante distinguir a escravidão do mundo antigo da escravidão moderna

    Por que os negros e como eles viravam escravos?

    A presença branca, europeia, mercantilista na costa africana (a oferta de fuzis, cachaça, tabaco, facões e outras quinquilharias) incruenta que determinados povos/etnias capturem outros povos/etnias no interior da África trazendo os prisioneiros para as feitorias/fortalezas na costa, para serem embarcados nos navios negreiros

    Sugestão: fragmentos do filme Amistad (Steven Spielberg) contêm imagens da captura, da feitoria, do embarque, e do transporte.

    Slave Voyages um site americano tem uma vasta coleção de imagens da escravidão na África, gravuras, pinturas, fotos, da escravidão na África, extremamente interessante, e poderia ser uma fonte importante

    Por que e como os escravos eram castigados?
    Para não se esquecerem da sua condição de escravos, porque procuravam a liberdade, porque desafiavam as regras impostas pela escvravidão.

    Quais os diferentes trabalhos feitos pelos escravos?
    Os escravos africanos trouxeram para o Brasil técnicas e tecnologias da agricultura tropical, da pecuária, da mineração, além disso quase todos as modalidades de trabalhos eram executados por escravos: serralheiros, carpinteiros, pedreiros, açougueiros, pintores, barbeiros ou seja trabalho no brasil colônia e Império é coisa de negro

    Sugestão: A Rota do Orixás, é um documentário muito interessante, fragmentos desse vídeo exploram a contribuição do negro e do seu trabalho para história do Brasil

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  2. Além do trabalho eles tinham tempo para fazer outras coisas?
    Muita coisa cultuar suas divindades, a língua materna, seus cantos, danças, comidas, suas relações familiares, as vezes cultivar uma roça de subsistência e muita, muita outras coisas

    Não ter liberdade, ser comercializado e castigado gerava quais sentimentos?
    Angustia, dor, sofrimento, revolta

    Questões relacionadas à busca da liberdade: De que formas os escravos buscavam a liberdade? Se em muitos lugares os escravos eram maioria porque não se revoltavam e acabavam com a escravidão? Para onde eles iam depois de livres? Eles tinham algum direito?

    Existiram múltiplas formas de resistência no interior da escravidão
    Sugestão: A turma poderia ler a HQ Quilombo do Orum Aiê, uma história ambientada na Bahia na primeira metade do século XIX, durante a revolta dos Malês em Salvador em 1835, essa HQ pode acrescentar muita coisa na pesquisa que os alunos estão realizando





    Questões relacionadas a aspectos da vida cotidiana: Como os escravos moravam, se alimentavam, se vestiam, tratavam das doenças e da morte? Como era o namoro e o casamento? Em algumas situações eles ganhavam algum dinheiro? Eles tinham algum tempo de lazer, haviam festas? Como surgiu a capoeira? Como era a relação dos escravos entre si e com as pessoas livres?

    Era bom diferenciar um pouco a escravidão rural da escravidão urbana que ampliava um pouco as formas de negociação entre o escravo e o senhor, mesmo no mundo rural essas negociações também existiram. Na HQ Quilombo do Orum Aiê temos alguns Negros de Ganho, Festas de São Benedito, Nossa Senhora do Rosário, Festas do Candomblé, dos Orixás, a TV Brasil produziu uma série de programas sobre a história da capoeira muito interessantes.

    Questões sobre o processo de abolição e seus limites: Como e por que acabou a escravidão no Brasil? A escravidão realmente acabou?

    O Brasil foi um dos últimos países abolirem a escravidão no mundo ocidental, foi um longo processo de luta, de pressão, revoltas, fugas , lutas, leis que foram lentamente atenuando (eusébio de queiros, sexagenário, ventre livre etc)
    Parabéns pelo trabalho, vou pensar um pouco mais nessas questões, depois posso acrescentar mais algumas coisas com mais tempo

    Prof. Eduardo
    EMEF DR João Alves dos Santos

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  3. Pai João

    Ruy Maurity

    (1977)

    Pai João na capoeira entoava cantos dos tempos de Zambi
    Foi escravo na fazenda, mão e pé dos senhores da Casa Grande
    Nêga, bicho não é homem, quando o couro come, fica sossegado
    Lua cheia, noite clara, nego na senzala vira cão danado

    Pai João sentado em toco, cachimbo, marafo, velho curandeiro
    Pros soldados nos terreiros conheceu o mais cruel dos cativeiros
    Conta do amor de Catarina pelo valente negro Mateus
    Sabe quanto a dor magoa, mesmo assim perdoa todos filhos seus

    Pai João então se cala, limpa uma lágrima, estende a mão
    Bate asas como um pássaro, desaparece na escuridão.
    Pai João então se cala, limpa uma lágrima, estende a mão
    Bate asas como um pássaro, desaparece na escuridão.

    Olá, Meu nome é Marcos Leme, sou professor de História e o texto por mim postado é a letra de uma música que eu conheço desde criança e que sempre compartilhei com meus alunos. Gosto dessa música porque ela traz vários elementos do cotidiano dos negros escravos no Brasil - ela fala das origens, da cultura, dos castigos, da resistência, dos sentimentos. Minha sujestão de trabalho é o destaque de palavras e termos reveladores desse cotidiano da escarvidão no Brasil e o aprofundamento das questões através de pesquisas. Por exemplo: o que significa ser "mão e pé dos senhores da casa grande"? Vale a pena,também buscar pela música e conhecer um pouco desse cantor e compositor popular da década de 70, Ruy Maurity, que além desse trabalho, tem várias outras músicas que falam do cotidiano e da cultura do povo brasileiro.

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  4. Agradeço muitíssimo a atenção de meus amigos professores Eduardo e Marcos. Vou organizar as sugestões para incorporar em nossa investigação. Obrigado pelos esclarecimentos e pelas sempre preciosas indicações. Como seria bom se pudéssemos trocar figurinhas com mais regularidade! Essa toada de trabalho isolado e fragmentado, tão comum na educação escolar, só torna nossa rotina mais árdua, empobrecida e triste! Estarei reforçando o convite para que os alunos acessem o blog, participem e acompanhem desse diálogo que descortina a história com um campo de possibilidades. Infelizmente nosso laboratório de informática ainda não está em condições de uso. Tomara que a manutenção seja feita logo para que possamos incorporar esta ferramenta no rotina escolar.
    Abraços e mais uma vez obrigado!
    Cláudio

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  5. Olá, Cláudio primeiro quero te agradecer por ter entrado em contato e assim podermos compartilhar nosso isolamento...E te parabenizar por essa iniciativa sensacional de potencializar teu trabalho usando a Internet.
    Cláudio, do pouco que tenho visto e tentado nessa área, posso te assegurar uma coisa: o que faz a diferença, em última instância, é a qualidade do trabalho que você já estabelece em sala de aula, a metodologia, a visão de História. Como eu conheço essa parte, tenho certeza de que você é um profissional com plenas condições de dar um salto na experiência com o uso das TICs no ensino de História.
    Você já reparou na quantidade de produções utilizando mídias virtuais nas Exatas? E como tudo é rarefeito quando se trata de Humanas, especialmente História? Atualmente, tenho tentado "perseguir" o seguinte desafio: como usar as TICs a serviço das novas tendências no ensino da história,como aproveitar esse imenso interesse do aluno pelas mídias virtuais em aliado na construção de sua autonomia na busca e problematização do conhecimento.
    O que tenho feito nessa direção (meio complicado porque não tenho mais sala de aula, me aposentei em 1997, depois de 29 anos e meio).
    1) Site do Educarede: em parceria, na seção O assunto é..., o tema CIDADANIA. Também fiz algumas resenhas de materiais interessantes para uso em sala de aula,seção TURBINANDO SUA AULA.
    2) Escrevi uma Coleção didática de História - ensino médio, para uma rede católica - Salesianos. Aquela coisa de professor de História velho: escrever o livro de seus sonhos. Fiz, fiz do jeito que achei que tinha que fazer, a partir de minha experiência como Parecerista, ou seja, eu sabia como não deveria ser o livro (rssss...)
    3) Em 2011 a Rede Salesiana resolveu experimentar a passagem para a forma digital, começando com o Livro do Professor. Foi essa experiência que me obrigou a me aproximar do mundo virtual: entrei no facebook, comecei a ler alguma coisa a respeito, fiz um curso à distância (Direito à Memória)para aprender a gostar de me expor em salas de bate-papo e foruns. Também fiz um curso no CENPEC,de aproximação com mídias virtuais.
    Estou preparando material para uma oficina com o pessoal da Rede em BH em abril, posso passar as coisas interessantes que encontrar, você faz a triagem do que te interessa...
    De seu blog já vou usar todos os links interessantes, especialmente aquele do MEC.E tenho muito a aprender com as suas experiências do blog, vou visitar sempre!
    Enfim,vamos continuar trocando, quem sabe pode sair uma parceria para trabalhos de formação de professores ou elaboração de materiais didáticos usando as mídias virtuais...
    Um grande abraço,
    Rona

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    1. Rona, obrigado pela pronta acolhida ao convite de trocarmos figurinhas e pelas palavras generosas! Tenho muito que aprender contigo! Na verdade estou engatinhando no uso das TICs. O professor de matemática de nossa escola, Everaldo, é o pai do blog da Escola do Guará: criou, sustentou e nos provocou durante muito tempo para potencializar seu uso. Eu e outros colegas temos feito nossos tateios, bem devagarinho! As postagens desse ano têm a humilde intenção de dar publicidade a algumas produções dos alunos, aos rumos do trabalho desenvolvido com algumas turmas, buscando circulação mais ampla e interlocução com mais sujeitos, dentro e fora da escola. A exploração mais efetiva da interatividade que as ferramentas possibilitam ou da associação de linguagens está ainda pra ser feita. Obrigado pelas indicações e, por favor, continue mandando sugestões!
      Abraço!
      Cláudio

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    2. Muito legau nos ajudar,agora saberemos melhor sobre a vida dos escravos(alem de tirar uma nota melhor) valeu!!

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  6. Gostei da resposta, me esclareceu muita coisa!!!

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